Uma jovem orgulhosa carrega a bandeira da Argélia na Arena Bercy, em Paris, com arquibancadas lotadas. Sem classificação das francesas, a torcida anfitriã adota Kaylia Nemour. Aos 17 anos, ela se tornou a primeira mulher africana a conquistar uma medalha na ginástica. A argelina foi ouro nas barras assimétricas neste domingo (04) e entrou para a história da modalidade e dos Jogos Olímpicos.
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OUR CHAMPION 🇩🇿🥇
— Algeria FC (@Algeria_FC) August 4, 2024
Kaylia Nemour wins the gold medal in the Women’s Uneven Bars to give Algeria its first medal at the #Paris2024 #Olympics
Algerian women continue to make us proud every single day ! pic.twitter.com/ImWzidZ0xZ
Kaylia somou 15.700 pontos e garantiu o lugar mais alto do pódio para a Argélia. A prata foi para a chinesa Qiu Qiyuan, com 15.500 pontos, e Sunisa Lee, dos Estados Unidos, fez 14.800 pontos e ficou com o bronze. Confira a apresentação:
OUR CHAMPION 🇩🇿🥇
— Algeria FC (@Algeria_FC) August 4, 2024
Kaylia Nemour wins the gold medal in the Women’s Uneven Bars to give Algeria its first medal at the #Paris2024 #Olympics
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- Eu represento a Argélia, mas a França também é meu país. Então, honestamente, todo o apoio que tive no ginásio foi louco! - declarou a ginasta, em agradecimento ao apoio do público.
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Quem é Kaylia Nemour
Filha de argelino, a ginasta nasceu em Saint-Benoît-la-Forêt, cidade francesa localizada a 280 km de Paris. Na infância e juventude, treinou e competiu pelo país de nascimento.
Em 2021, a Federação Francesa de Ginástica estabeleceu como regra que as ginastas deveriam treinar no país e em apenas dois centros de treinamento, considerados de excelência. Kaylia treina no modesto Avoine-Beaumont e não se encaixou no novo critério.
Os franceses, entretanto, abriram exceção para a ginasta Melanie de Jesus dos Santos treinar com Simone Biles, nos Estados Unidos. Nessas condições, Nemour deveria deixar a família na Argélia, o que incomodou a ginasta.
No mesmo ano, Kaylia descobriu uma osteocondrite, uma lesão que afeta ossos e cartilagens. Fez cirurgia nos dois joelhos, recebeu alta do médico pessoal, mas não da Federação Francesa. O episódio foi o estopim: em 2023, Kaylia Nemour decidiu defender a Argélia.
A decisão rendeu uma suspensão de um ano por troca de nacionalidade, conforme estabelecido pela Federação Internacional de Ginástica. A jovem seguiu treinando e mantendo o alto nível no clube.
Voltou a competir no Campeonato Africano de 2023 e emplacou uma classificação para o Mundial. Em Antuérpia, conquistou a primeira medalha de uma africana em Mundiais. A medalha de ouro em Paris também é a primeira conquistada por mulheres na história do continente africano.
Conquistas de Kaylia Nemour
- Campeã francesa 2021 - Barras Assimétricas
- Prata no Campeonato Mundial 2023 - Barras Assimétricas (defendendo a Argélia)
- Ouro nas Olimpíadas de Paris 2024 - Barras Assimétricas (defendendo a Argélia)
- Atleta do Ano (Argélia)
- 5º lugar e classificação para as finais do individual geral em Paris
Relação França e Argélia
A França invadiu e ocupou a Argélia, país localizado na região do Magrebe, no noroeste do continente africano. A partir de 1839, foi chamada de Argélia francesa.
A independência aconteceu com a Guerra de Independência Argelina, ou Revolução Argelina. Movimentos de libertação nacional lutaram, entre 1954 a 1962, pela descolonização. Ainda hoje, os países mantém traços culturais e sociais, além de relações comerciais.
No esporte, o ídolo e campeão mundial pela França, Zinedine Zidane, é filho de argelinos. O meio-campista Nasri e Karim Benzema também têm raízes argelinas.