O brasileiro Arthur Nory estreia neste sábado nas provas de ginástica artísticas nas Olimpíadas de Paris. O atleta tenta conquistar mais uma medalha olímpica – foi bronze no solo no Rio-2016.
Mas ele também carrega uma marca negativa. Sempre que participa de grandes competições, Nory é relembrado de um episódio de racismo, por conta de um caso que aconteceu em 2015.
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Por que Arthur Nory foi acusado de racismo?
Em 2015, Arthur Nory apareceu em um vídeo de um aplicativo, o Snapchat, com atletas que faziam parte da equipe de ginástica brasileira. No vídeo, ele fez piadas de cunho racista sobre Ângelo Assumpção, ex-ginasta da equipe.
– Seu celular funciona? É branco! Se não funciona? É preto! Saquinho de supermercado? É branco! O de lixo? É preto – disse Nory no vídeo em questão.
Em 2020, cinco anos depois, Nory veio à tona para falar sobre o assunto. Em um vídeo publicado nas redes sociais, assumiu o ato e pediu desculpas.
– Há cinco anos, eu trazia à tona através de uma rede social uma imbecilidade, achando que era uma simples brincadeira engraçada. A rotina de anos coloca a gente numa bolha. Numa maldita bolha.
A gente acaba sendo “educado” a coisas sem perceber. Expus um amigo, uma amizade de 15 anos, numa total falta de noção. Os anos passaram, e a falta de entendimento junto a ideia do “é melhor ficar calado” andaram um tempo comigo. Às vezes a gente demora pra fazer muita coisa na vida. Tô aqui porque já passou da hora de me expor pelas minhas próprias palavras, que não são as melhores, mas são as que eu estou construindo. Ou melhor, desconstruindo – disse na época.
Manifestação de Ângelo Assumpção antes dos Jogos de Paris
Neste ano, pouco antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, Ângelo Assumpção voltou a falar sobre o assunto. Em uma carta aberta, disse que não iria competir este ano e que "teve seu sonho ceifado".
– Recebo várias mensagens de vocês, que gostariam de me ver competindo nas Olimpíadas. Era um sonho que compartilhava com todos vocês, mas uma pessoa como eu terá seu sonho ceifado. Quem denuncia racismo, principalmente com uma instituição tão grande, será silenciado e desligado de quaisquer possibilidades de voltar a representar este país – disse Angelo.
A equipe masculina de ginástica brasileira é representada este ano por Arthur Nory e Diogo Soares nas Olimpíadas de Paris.