A Fifa anunciou nesta segunda-feira (14/10) que promoverá mudanças em seu sistema de transferências para se adequar às leis europeias de mercado. A decisão foi motivada pela derrota que a instituição sofreu no caso Lass Diarra julgado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia.
O que o jogador francês tem a ver com a necessidade de a Fifa adequar suas regras de transferências? O Sporting News explica a seguir.
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Lassana Diarra’s victory is a step towards a fairer labour market.
— FIFPRO (@FIFPRO) October 8, 2024
Here’s what you need to know about the landmark legal ruling against FIFA 🧵@Lass_Officiel | @UNFP pic.twitter.com/Sbvgk8skGz
Por que a Fifa vai mudar suas regras de transferências?
O volante Lassana Diarra, ex-PSG, Chelsea e Real Madrid, rescindiu contrato com o Lokomotiv Moscou, da Rússia, em 2014. O Tribunal Arbitral do Esporte condenou o atleta a pagar 1o,5 milhões de euros ao clube como compensação. O jogador ficou sem clube por meses, até acertar com o Charleroi, da Bélgica. O possível novo clube, no entanto, recuou após ser obrigado a pagar o valor devido ao Lokomotiv.
O regulamento da Fifa prevê que o novo clube de um jogador pague a indenização ao clube anterior. Como o Charleroi se recusou a fazer isso, a Fifa não emitiu o certificado de transferências, e Diarra ficou sem jogar por quase um ano, até finalmente acertar com o Olympique de Marselha.
No julgamento do Tribunal de Justiça da União Europeia, a corte deu razão ao jogador, considerando que o regulamento da Fifa impedia a livre circulação de jogadores profissionais dentro dos limites da União Europeia.
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Como a decisão vai impactar os clubes e suas transferências?
Casos como o de Lassana Diarra devem desaparecer. Além disso, os clubes devem perder força em negociações de contratos e transferências, consequentemente, transferindo mais poder aos atletas e seus agentes.
Um possível receio é de que mais contratos sejam quebrados sem punição aos jogadores.
- Todos os jogadores profissionais que foram afetados por essas regras ilegais (em vigor desde 2001!) podem buscar compensação por suas perdas. Estamos convencidos de que esse ‘preço a pagar’ por violar as leis da UE vai, enfim, forçar a Fifa a se enquadrar e acelerar a modernização de sua governança - disseram Jean-Louis Dupont e Martin Hissel, advogados de Diarra.
- O Tribunal deixou claro que a carreira de jogador é curta, e esse sistema abusivo pode levar à aposentadoria prematura de um atleta. As atuais regras, afirma o tribunal, não contribuem para a proteção dos direitos dos trabalhadores. Graças ao julgamento de hoje, a Fifa vai ser forçada a atacar isso. O julgamento revoluciona a governança do futebol na Europa - declarou a FifPro, o sindicato internacional de jogadores profissionais de futebol, em nota.